passeio dentro de ti
os acasos* são sempre difíceis de aceitar.
dirigem a lógica de uma forma escancarada
para becos sem saída.
e confrontam-nos com inversões de marcha,
como histórias a
começar do fim.
..
..
hoje, num trabalho
no museu..
..
g [um menino de 5 anos]: "olha, tens borboletas a voar das pernas"
..
e [uma menina grande]: "e casulos a nascer na cabeça. e da boca dela saem cores. e saem mesmo"
..
..
a [um adulto pequeno]: "escolheste uma imagem desfocada"
..
eu [ela]: gosto assim. "aprendi a gostar de desfocados"
..
adultos adultos: [silêncio colorido na sala]
..
..
..
under a lilac tree
put my heart
gave myself in that misty light
..
..
lilac wine
it makes me see what i want to see
when i think more than i want to think
listen to me...cannot see clearly
isn't that she, or am i just going crazy, dear?
..
..
[how much is your
time worthing?]
just what i’m able
to feel.
"we have sensory receptors for light,
sound, touch, hot and cold, and smell,
but we don't have sensory receptors
for time.
this is a sense
constructed by the brain"
..
[Jin DZ, Fujii N, Graybiel AM. Neural representation of time in corticobasal ganglia circuits. Proceedings of the National Academy of Sciences, Week of Oct. 19 2009]
..
..
queres vir? queres?
go out go out
and meet the world..
..
cause dreams
do come true
..
( 'bigada....* muitas)
..
tens a alma bonita
agora?
[sou péssimo a decifrar o que sinto]
ora junta letrinhas..
diz-me ao ouvido enquanto rabiscas
margaridas na mão.
és tão bonita quando sentes..
..
agora, mexia-te no cabelo.
com os braços iluminados.
[sentiste um vento doce
a insuflar?]
ver-te dançar é um diário íntimo.
quase uma maldição.
não há uma contabilidade visível
para as fragilidades que te fazem mulher.
eu decifrei o que sentes. e caminhas
constantemente com pés de vidro
nos fogos de artifício da rua.
amarrotados onde podíamos ter o sabor do mar.
e a distância de um grão de areia.
mas não me engano. nem por momentos.
a clandestinidade não se aplica a ti.
não é possível desenhar um vector inócuo
a passar pelo teu corpo.
..
..
hey mr. this is the last train...
foi esta a distância entre nós.
ouvia ao longe vozes cruzadas,
misturadas com a parafernália
dos comboios e de vidas.
que se abraçam, numa partida e
retorno constantes.
..
..
nem a tua nem a minha voz.
aprendi contigo como o silêncio
pode ser tão ensurdecedor.
..
..
se dançar com a luz nas mãos
prometes dançar com braços de mar?
...
preparada?
.. ligado!
..
aponta, aponta mais para o fundo!
..
............. swim swim until
.................the land's a marker line
............and the body's salt and sky *
...
anda,
..
..
apetece-me desenhar
um sorriso bonito
na tua face
com açúcar em pó
na ponta dos dedos
..
anda..
...
abracinho*
...
...
"és um poema.
em absoluto."
...
...
hey, mr. postman,
don´t want any news today.
just bring me home...
..
pronto. conto eu..
..
desconta-lhe três pontinhos neste ponteiro acelerado..
...
agora!
..
..
inclina um bocadinho..
foca, foca
estás aí!!!! vês?vês?
..
saltinhos, saltinhos..
tento dizer o que é sentir a tua falta
por isso, o que escrever, será em definitivo a mais pura imperfeição.
respiro devagarinho e invento segredos-malva.
nesses segredos, conto os acordes dessa tua dança na areia,
em que insistes não ter os pés no chão.
e desenho-te. nos rastos que deixas no ar.
...
...
ardem-me os olhos sempre que me lanças bóias de marcação porque, há algo de profundamente tocante em relação a ti. inexplicáveis, dos quais não consigo escapar. o não poder mentir não me faz uma pessoa de verdade e a verdade é que tenho, não um, mas dois olhos de vidro, onde as lágrimas são detalhes, detalhes, detalhes. devia aceitar uma porta dos fundos mas, quando começamos as frases com um 'devia', já alguma coisa não está no sítio certo. mente-me agora um bocadinho. diz-me que vês em frente. que me sentes na proporcionalidade de um imenso. assim, esta intencionalidade será já amanhã uma memória doce.
...
..
..
...
não gosto quando começas a falar dos problemas banais e de como astutamente atas os cordões às rotinas. não gosto. nunca to disse. mas hoje sinto-me cansada dos sentidos únicos. engolidos de uma só vez. é que ainda não consigo ver-te a conferir o troco na porta de um supermercado qualquer.
..
..
proximidade, razão..nem sei como lhe chame. mas tenho dificuldade em perceber se o fazes para me acalmar, quando me sentes mais ansiosa, a prefigurar um escorregar dos nossos dedos, ou quando me queres consciente de que os amantes não escolhem saídas de emergência de cada vez que acendem incêndios… “sabes que és especial”… não há frase que mais caminhe para o fim de qualquer coisa. às vezes cansas-me.
..
..
the silent anagram
se te quero tocar,
onde começo e onde acabo?"
...
...
por vezes, também não sei outra maneira
de agarrar o vento.
e continuo sem saber se (este) azul
é de céu ou de (mar)
*lindíssima maria sousa, tirado de uma outra luz maravilhosa (aqui)
...
hoje
rita lino
...
como quem "precisa tanto de escrever
como de apagar o que escreve"
* pedro paixão
.....
trinta cisnes no lago dos teus olhos.
foi o que disse. não significa nada.
não poderiam aí nadar.
...
...
foi uma imagem. uma ideia.
uma vontade grande de dizer que te amo
e que vejo em ti tudo quanto sendo impossível
faria da vida um lugar perfeito.
..
caramba, (valter)
..
heads on fire and drunken lights
sweet tortures fly on mystery wings
innocence is dripping red
pure evil
..
days devoured by hungry nights
in (love's secret domain)
i walk with you
in dreams
you're mine
..
this is mad love..
..
..
quando tudo parece demasiado estranho, apetece vestir o casaco e imiscuir no teatro do mundo. analiticamente, marcamos linhas amarelas à volta do espaço calculado de pele. neste exercício de intransponíveis, as palavras chegam em murmúrios indecifráveis e as imagens sobrepõem-se ao longe nas neblinas dos cigarros. há esse ponto exacto em que saímos ilesos no fim da peça. o problema dos espaços reservados é que rapidamente se tornam devolutos porque nos habituamos a preencher vazios em ruas paralelas. e somos estuporadamente animais de hábitos.
..
não gosto de frases bonitas
raramente acabam nos pontos finais.
queimam os dedos
e engolem-se muito mal
..
quando o belo se escreve
...
..
mesmo nas ausências,
ainda te capturo em câmara lenta.
e ainda “observo demoradamente
a tua nudez”.
*diáspora. josé rui teixeira
..
....
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