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P gosta de ouvir acordes na
pele. e ouve tudo, sobretudo o som dos astros.
P também tem medos. mesmo
sabendo que há precipícios de onde só é possível voar.
e voa. de olhos focados nas
montanhas. mais do que na praia.
promete um dia ir ver magias no céu nórdico. e derrete-se no
conforto dos corpos nus.
muito à noite. quando se dá.
toca. toca-se. sente tudo. e
gosta de palavras doces sussurradas ao ouvido.
não resiste às fragilidades
da inocência, mas sabe que esta se perde na infância.
por isso, veste quartos de
hotel, bancos traseiros e bancadas. verdes. sempre.
diz que se basta. mas não
abdica de quem lhe faz falta. e jura sensibilidades sem fim.
a vida, trá-la no sorriso.
sobretudo com o olhar. e apaixona-se pelas coisas simples.
com o seu alentejo
na memória.
nesta terra quente sentiu
pela primeira vez o cheiro das laranjas. e batizou-a como sua.
e nas intermitências da
racionalidade vive a noite confundida no corpo. de preto, muito de preto.
relaxa enquanto fuma. "viste
a lua hoje?"
P quer tudo sem
sobressaltos. e detesta gente banal. tanto quanto a psicótica.
fraternal com o que lhe é
próximo mas não é seu, adora brincar aos tios e às parecenças.
um pouco distantes,
objetivamente, lá perdidas na rapunzel.
aficionado pelos prazeres da
vida, adora um bom peixe à beira mar.
e uma conversa leve à luz de um café onde
reclama, com frequência,
deverem pagar-lhe para aturar música tão má.
P tem uma voz
indescritível.
e embala o público com palavras poesia de livros doces em
teatros bonitos.
a norte.
diz que me gosta. e eu
acredito.
P é isto tudo mas não só
isto.
mas o resto escreve-se nas
estrelas.
com pontinhos. muitos.
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