passeio dentro de ti

nesta cidade, muito guarda-segredos e cantinhos rarefeitos. inacessíveis. na pele colada de balões e bailarinas..
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hoje. porque faz todo o sentido. 
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amo, adoro, idolatro, devoto-me, emociono-me, extasio-me, anulo-me, guardo-me, cuido-me. dois bilhetes e um lugar vazio. é assim ela. réplicas, tréplicas que nem sei se goste ou se sofra. digo-lhe que vou tentar ser gente. e peço-lhe desculpa. ‘não prometas’. e diz-me muito. que também me gosta. e o que escreve espanca-me. lembra-se sempre do que sonha  e sonha todos os dias. e eu, do fundo da vigília e da insónia tento. tento tudo. tento dizer-lhe que só quero viver. essencialmente. dormirmos; fazermos amor; almoçarmos; acordarmos juntos; jantarmos juntos; tu cozinhas; eu cozinho; conversarmos; eu converso; tu conversas; vermos os filmes um do outro; pararmos; fazermos amor. dizem-lhe que parece uma bailarina. e eu digo-lhe que daquela gruta por vezes sai música. é só a água. são só os nossos ouvidos. mas por vezes ouve-se. e faço acordes para a dança dela. de saudade igual e a procurá-la. num sítio. na nossa cidade. numa travessa em que cedo é feita mulher. onde os corpos escorreguem líquidos pelas paredes frias de inverno. e acendam incêndios sempre que fizermos amor. na ficção de um dream recall, vêm-nos imagens de um drive-in dos 50’s e do fundo do negro absoluto do poço fazemos juras de verdade. e escrevemos nos vidros embaciados um azul sem fim. apaixonados, a fazer contraditórios, não nos queremos devolver ao mundo, a ninguém. é aqui que ela me diz…e é aqui que lhe digo ‘não digas’. shhh...porque há uma lista de coisas que provavelmente acontecem quando duas pessoas se apaixonam e eu, vou riscando os itens dessa lista, um após outro. shhh… deixo-te ir, agora. vai.
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