..
..
as palavras são andaimes
para desoxidar
o corpo -
anfiteatro desmedido
de uma criança.
pela febre ou pelo vazio
hoje procuro acordes
para descolorir a garganta,
imprimir a boca no aço da cidade.
havia árvores e inclinações de bichos
tigres de papel
minúsculas pegadas a digitalizar a lua.
arrumo os lugares da mesa
transgrido os objectos.
depois acendo de novo as marionetas
guardando nos bolsos astrolábios de silêncio.
a loucura tem escamas
disse-me
na impaciência das cores -
não fujas.
..
..
fecho o rosto, o das muitas janelas
abro os braços ou um quase
pulmão sem música
e perco-me no festim dos anjos
exaustos
mergulhados numa poça de sangue
a coagular luas.
valsa de terrível intimidade
embriaguez em fósforo.
as bonecas sobreviveram.
os gatos morreram noutros gatos.
o limoeiro engrossou os sonhos
e o pássaro agradeceu-me
esta casa sem lâmpadas de sal.
e o duende continua lá,
no comboio dos nossos nomes
a viajar.. ao longe, sempre
porque,
há palavras que não sei dizer por dentro
..
[a impaciência das cores&dicionário das insignificâncias de joão rios (adapt.)]
..
..
..
..
passeio dentro de ti
nesta cidade, muito guarda-segredos e cantinhos rarefeitos. inacessíveis. na pele colada de balões e bailarinas..
Arquivo do blogue
-
►
2012
(24)
- dezembro (6)
- agosto (3)
- junho (3)
- maio (1)
- abril (2)
- março (3)
- fevereiro (2)
- janeiro (4)
-
▼
2011
(155)
- dezembro (3)
- novembro (2)
- outubro (4)
- setembro (9)
- agosto (3)
- julho (7)
- junho (21)
- maio (4)
- abril (36)
- março (16)
- fevereiro (28)
- janeiro (22)