passeio dentro de ti

nesta cidade, muito guarda-segredos e cantinhos rarefeitos. inacessíveis. na pele colada de balões e bailarinas..
..
..
bonito
..
..
...
...
...
"se o coração estivesse alojado no coração, 
talvez fosse inteiramente verdade que 
o coração não se decide."
mas não é bem assim, pois não?
..

..
[pedro jordão, http://lonelyhunters.blogspot.com/]
..
..
..
..
..
colar sonhos de algodão doce
nos lábios
.. dedos a saber a groselha
..
..
come on little stranger..
..won't you?

..
..
.....
...
...
..
..
..
..
..
you don't know how it feels
..
..
..
..
..
..
..
+
..
..
..
...
...
tangled up in blue
..
..
a while ago somewhere
i was watching
a movie. i fell in love
with the actress.
she was playing a part
that i could understand.
you gotta be "part of"
it's hard to make that change
..

..
..
..
..
...
hoje. porque faz todo o sentido. 
..
..
..

amo, adoro, idolatro, devoto-me, emociono-me, extasio-me, anulo-me, guardo-me, cuido-me. dois bilhetes e um lugar vazio. é assim ela. réplicas, tréplicas que nem sei se goste ou se sofra. digo-lhe que vou tentar ser gente. e peço-lhe desculpa. ‘não prometas’. e diz-me muito. que também me gosta. e o que escreve espanca-me. lembra-se sempre do que sonha  e sonha todos os dias. e eu, do fundo da vigília e da insónia tento. tento tudo. tento dizer-lhe que só quero viver. essencialmente. dormirmos; fazermos amor; almoçarmos; acordarmos juntos; jantarmos juntos; tu cozinhas; eu cozinho; conversarmos; eu converso; tu conversas; vermos os filmes um do outro; pararmos; fazermos amor. dizem-lhe que parece uma bailarina. e eu digo-lhe que daquela gruta por vezes sai música. é só a água. são só os nossos ouvidos. mas por vezes ouve-se. e faço acordes para a dança dela. de saudade igual e a procurá-la. num sítio. na nossa cidade. numa travessa em que cedo é feita mulher. onde os corpos escorreguem líquidos pelas paredes frias de inverno. e acendam incêndios sempre que fizermos amor. na ficção de um dream recall, vêm-nos imagens de um drive-in dos 50’s e do fundo do negro absoluto do poço fazemos juras de verdade. e escrevemos nos vidros embaciados um azul sem fim. apaixonados, a fazer contraditórios, não nos queremos devolver ao mundo, a ninguém. é aqui que ela me diz…e é aqui que lhe digo ‘não digas’. shhh...porque há uma lista de coisas que provavelmente acontecem quando duas pessoas se apaixonam e eu, vou riscando os itens dessa lista, um após outro. shhh… deixo-te ir, agora. vai.
..

.
..
..
..
..
a inocência é bonita e a infância é bonita e as duas morrem ao mesmo tempo.
..
..
[pedro jordão, http://lonelyhunters.blogspot.com]
..

..
..
..
...
...
...
shhh...
..
+........+
...
....
....
..
..
..it's by the sea we'll breed
into the sea we'll bleed..
..
i'm gonna try hard this time not to touch the ground

..
..
..
..
..
as palavras são andaimes
para desoxidar
o corpo -
anfiteatro desmedido
de uma criança.
pela febre ou pelo vazio
hoje procuro acordes
para descolorir a garganta,
imprimir a boca no aço da cidade.
havia árvores e inclinações de bichos
tigres de papel
minúsculas pegadas a digitalizar a lua.
arrumo os lugares da mesa
transgrido os objectos.
depois acendo de novo as marionetas
guardando nos bolsos astrolábios de silêncio.
a loucura tem escamas
disse-me
na impaciência das cores -
não fujas.
..
..
fecho o rosto, o das muitas janelas
abro os braços ou um quase
pulmão sem música
e perco-me no festim dos anjos
exaustos
mergulhados numa poça de sangue
a coagular luas.
valsa de terrível intimidade
embriaguez em fósforo.
as bonecas sobreviveram.
os gatos morreram noutros gatos.
o limoeiro engrossou os sonhos
e o pássaro agradeceu-me
esta casa sem lâmpadas de sal.
e o duende continua lá,
no comboio dos nossos nomes
a viajar.. ao longe, sempre
porque,
há palavras que não sei dizer por dentro
..
[a impaciência das cores&dicionário das insignificâncias de joão rios (adapt.)]
..

..
..
..
..
..
há poucas coisas em que posso dizer só porque sim.
e é tão bonito ..
*
..
..
..
..
...
foi assim ela.
pelo traço possível.
tudo isto de outra maneira
algumas vezes um sorriso uma fotografia
ou uma espécie de noite de chuva.
eu a imaginar ter-te no colo
quando as estrelas voam à altura das abelhas
no baixar bom dos olhos
até fingir
sei que os anjos são ilhas mágicas
onde invento outros cavalos para os pulsos.
..
..
no barulho do comboio
com a minha camisola preferida
[podes vesti-la.. sim]
uma rapariga come cerejas.
eu como bolachas rente à janela.
luzes centímetros medos
fendas pássaros frágeis
a correr nas mãos
[asas azuis]
depois anoitece na televisão o rapaz do filme
a sombra da rapariga continua a comer
a sombra das cerejas.
não sei se esse é mesmo o teu papel
mas juro que vou deixar ficar as nuvens
embrulhadas em papel de chocolate.
prometo..
..
[o preço das casas_joaquim cardoso dias (adapt.)]
..

..
..
..
...
...
desenho a tua boca
com a minha mão
na tua cara.
por um acaso que não procuro compreender,
coincide exactamente com a tua boca,
que sorri
por baixo da que a minha mão te desenha.
toco a tua boca.
..
..
[jogo do mundo_julio cortazár]
..

..
..
..
..
..
..
a estranheza do dia
agigantou
os dedos
..
as sabrinas
recusaram o voo
..
..
..
..
..
..
..
she swallows bullets and stones
..
..
..
..
..

..
..
absence of anything
..
..
..
..
..
..
abducted this morning
..
..
..
..
..
..
..
para a mar.
..
..
..
..
...
...
tell me what to swallow
..
..
..
..
..
...
...
...
...
childrenkin canhõ papion filien menin criante chico criança enfant child kind fëmijë الطفل երեխա uşaq umea дзіцяці дете nen 孩子 dijete dítě barn laps bata lapsi neno ბავშვი παιδί timoun הילד बच्चे gyermek barnið anak leanbh bambino 子 어린이 puer bērnu vaikas tfal dziecko copil ребенка otrok niño mtoto เด็ก çocuk بچے trẻ em plentyn קינד 
..
..
..
...