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ao dobrar de uma curva da estrada, encontro o fotógrafo. imóvel ao lado do tripé. espera que o vento misture de tal modo luz e sombra que a cor do céu possa entrar toda inteira no enquadramento da máquina. aproximo-me. procura nos bolsos nuvens muito brancas. ou azuis como os montes ao longe. não é bonito? voltamos a olhar, como quem abre a janela. é tão simples, isto: queremos a presença das coisas. próximas, íntimas, como peças de roupa pousadas na cadeira ao nosso lado. há em certos dias uma tão certa harmonia entre a temperatura do corpo e a do ar que quase se perde a noção de entre uma coisa e outra ser a pele uma fronteira.
..[rosa maria martelo_nuvens (adapt.); chaves (adapt.) in telhados de vidro nºII]
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