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as palavras são andaimes
para desoxidar
o corpo -
anfiteatro desmedido
de uma criança.
pela febre ou pelo vazio
hoje procuro acordes
para descolorir a garganta,
imprimir a boca no aço da cidade.
havia árvores e inclinações de bichos
tigres de papel
minúsculas pegadas a digitalizar a lua.
arrumo os lugares da mesa
transgrido os objectos.
depois acendo de novo as marionetas
guardando nos bolsos astrolábios de silêncio.
a loucura tem escamas
disse-me
na impaciência das cores -
não fujas.
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fecho o rosto, o das muitas janelas
abro os braços ou um quase
pulmão sem música
e perco-me no festim dos anjos
exaustos
mergulhados numa poça de sangue
a coagular luas.
valsa de terrível intimidade
embriaguez em fósforo.
as bonecas sobreviveram.
os gatos morreram noutros gatos.
o limoeiro engrossou os sonhos
e o pássaro agradeceu-me
esta casa sem lâmpadas de sal.
e o duende continua lá,
no comboio dos nossos nomes
a viajar.. ao longe, sempre
porque,
há palavras que não sei dizer por dentro
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[a impaciência das cores&dicionário das insignificâncias de joão rios (adapt.)]
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