passeio dentro de ti

nesta cidade, muito guarda-segredos e cantinhos rarefeitos. inacessíveis. na pele colada de balões e bailarinas..
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"inquietação latente naquela mulher..
força estranha, vivência,
certeza assustadoramente presente
na ausência.
não pensa nem sente.
tortura-se, obriga-se,
sem resignação, sem desistência.
apenas uma espécie de falso e
tranquilo abandono.
toda a orfandade de um sorriso
ou de uma carícia..abraços que são
ternura e violência,
peito aberto.
não maternal. virginal.

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não se expõe. dispõe-se.
espera num tempo que não existe.
memórias de um acontecimento,
fragmentos de uma violência muda,
recompostos na frágil expectativa de sentido.
ela deixa quebrar os vasos só para os ouvir.
porque tudo tem uma voz.
mesmo as coisas mudas.
de noite afunda-se no lago
e adormece.
de noite, diz-se perdida.
depois vem o dia.
a quase paixão que jamais toca."

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[electra_olga roriz (excertos adapt.)]
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