..
olhei para as minhas mãos,
os meus dedos.
e lembrei-me de tantas coisas
..
uma voz tímida: susana. não passávamos todas as noites juntos. ela telefonava-me antes e pedia-me para passar a noite comigo. perguntei-lhe a idade na primeira vez em que falámos. ela nunca me perguntou a idade. depois de lhe abrir a porta, ela dava-me um beijo nos lábios. enquanto adormecíamos, o meu corpo seguia a forma do corpo dela. pousava-lhe um braço por cima, que era como um cobertor, e ela segurava-me essa mão entre as suas mãos. os seus cabelos tocavam-me o rosto. de manhã, quando a luz entrava pelas janelas e enchia o quarto, acordávamos na mesma posição. beijávamo-nos e éramos um do outro.
..
..
a minha mulher era a menina que conheci um dia e que o meu olhar nunca largou. eu, a ver os dedos e a palma aberta daquela mão. e a pousar a minha mão no centro da sua, a entregar-lha, a entregar-lhe o coração.
..
..
[cal_josé luis peixoto]
passeio dentro de ti
nesta cidade, muito guarda-segredos e cantinhos rarefeitos. inacessíveis. na pele colada de balões e bailarinas..
Arquivo do blogue
-
►
2012
(24)
- dezembro (6)
- agosto (3)
- junho (3)
- maio (1)
- abril (2)
- março (3)
- fevereiro (2)
- janeiro (4)
-
►
2011
(155)
- dezembro (3)
- novembro (2)
- outubro (4)
- setembro (9)
- agosto (3)
- julho (7)
- junho (21)
- maio (4)
- abril (36)
- março (16)
- fevereiro (28)
- janeiro (22)