tens a alma bonita
agora?
[sou péssimo a decifrar o que sinto]
ora junta letrinhas..
diz-me ao ouvido enquanto rabiscas
margaridas na mão.
és tão bonita quando sentes..
..
agora, mexia-te no cabelo.
com os braços iluminados.
[sentiste um vento doce
a insuflar?]
ver-te dançar é um diário íntimo.
quase uma maldição.
não há uma contabilidade visível
para as fragilidades que te fazem mulher.
eu decifrei o que sentes. e caminhas
constantemente com pés de vidro
nos fogos de artifício da rua.
amarrotados onde podíamos ter o sabor do mar.
e a distância de um grão de areia.
mas não me engano. nem por momentos.
a clandestinidade não se aplica a ti.
não é possível desenhar um vector inócuo
a passar pelo teu corpo.
..
..