passeio dentro de ti

nesta cidade, muito guarda-segredos e cantinhos rarefeitos. inacessíveis. na pele colada de balões e bailarinas..
..
tens a alma bonita
agora?
[sou péssimo a decifrar o que sinto]
ora junta letrinhas..

diz-me ao ouvido enquanto rabiscas
margaridas na mão.
és tão bonita quando sentes..
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...

agora, mexia-te no cabelo.
com os braços iluminados.
[sentiste um vento doce
a insuflar?]

ver-te dançar é um diário íntimo.
quase uma maldição.
não há uma contabilidade visível
para as fragilidades que te fazem mulher.
eu decifrei o que sentes. e caminhas
constantemente com pés de vidro

nos fogos de artifício da rua.
amarrotados onde podíamos ter o sabor do mar.
e a distância de um grão de areia.
mas não me engano. nem por momentos.
a clandestinidade não se aplica a ti.
não é possível desenhar um vector inócuo
a passar pelo teu corpo.

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